quinta-feira, 18 de junho de 2015

A LIBÉLULA



Aqueles eram tempos de caos. Uma fase daquelas que dificilmente se esquece. Estava deprimida bastante triste. Queria sumir de casa, nada ao meu entorno me trazia alegria, o meu mundo estava sem o menor sentido. E eu ficava ali dentro de casa o tempo todo sem trabalho e o dia corria pesado e lento. Meses a fio nesse processo.
Mais naquela manhã algo mudaria esse contexto de vida. Incrível como Deus age na sutileza de sua presença, mas é preciso ter olhos para vê.  Naquela manhã eu ia saindo quando me deparei com uma Libélula que exausta se debatia no vidro da porta querendo sair, sim ela percebia pela claridade que lá fora era o seu habitat e que lá o espaço era enorme e libertador. Mais quanto mais ela se debatia, mais perdia suas forças, e quanto mais queria sair mais batia sua cabeça e se machucava. Não sei por quanto tempo ela passou ali, mas quando vi e por sorte dela  estava de saída, me agachei e delicadamente a peguei  e a levei comigo para o lado de fora, com toda delicadeza possível, e a soltei do lado de fora, eu moro num prédio, eu não sei como ela subiu 21 andares.
Mas não consegui dá muitos passos após soltar a Libélula, aquela cena me despertou um insight. E pensei:  observastes o que aconteceu agora? e que tem muito a ver com teu comportamento?  Assim como a Libélula estais batendo cabeça nos problemas que por hora não tem solução. Estais ficando exaurida, pois tuas forças estão indo, uma vez que tu vives a pensar somente nisso. Sim eu sei que queres sair desse mundo e buscar novos horizontes, porém enquanto a porta não se abre e que alguém te tire como fizesses com a Libélula. Olha ao teu entorno explora todo o lugar que estais e trás aos teus dias novas oportunidades  e dá um sentido a tua vida, dai mesmo onde estais.
A partir desse dia cuidei melhor de minha casa, ouvia músicas e cantava enquanto arrumava a casa, comecei a gostar de cozinhar.  Separei horários para orações e meditações. Sai do quarto onde ficava confinada pensando nos problemas. E descia do prédio todas as manhãs para caminhar na praia e levava minha Japamala comigo. Conheci pessoas, rezei com atenção, descobri a beleza que era o despertar das manhãs, o frescor do vento frio ainda cedo que acariciava o meu rosto e soprava nos meus cabelos que parecia levar para longe as minhas angústias e tristezas e no final da tarde repetia todo esse ritual.  Dormia tranquila e acordava com uma disposição, pois queria vê o nascer do dia. Os pensamentos foram ficando mais claros. E eu sorria com mais frequência, estava disposta e agradecia todos os dias pela vida.
Sim, eu deixei de bater cabeça, querendo o que ainda não podia ter e descobri  um mundo novo dentro e fora de mim. O desejo de sair daquele processo ainda estava ali, mais aprendi a ver melhor como ocupar meu tempo e me fazer feliz com o que eu tinha e não mais me desesperar por aquilo que queria. Meses depois voltava ao trabalho, eu tinha um talento que não via, me dediquei a minha formação de Terapêuta Holistico. Estava tão fixada em ter um trabalho que tinha um talento e não percebia . Tempos depois voltei a estudar e encarei uma faculdade.
E eu sou imensamente grata a lição que a Libélula me deu naquela manhã, que mudou toda a minha história de vida.

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